quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A SAÚDE, O PÚBLICO E O PRIVADO

Transcrição do
A quem serve o «bota-abaixo» do Serviço Nacional de Saúde
por Isabel do Carmo
As críticas nas áreas da Educação e da Saúde feitas pelos partidos da direita, pelos cronistas fazedores de opinião ideológica à direita e pela sua movida tão presente na comunicação social, e particularmente na televisão, têm um objectivo de fundo, expresso ou oculto – apresentar como alternativa os benefícios do sistema privado. Mas como as críticas se baseiam muitas vezes sobre problemas reais, misturam-se em amálgama com as críticas dos partidos mais à esquerda. E estes deixam-se cavalgar e cavalgam as críticas de direita, sem fazerem uma separação higiénica e pedagógica. Há sempre um afã eleitoralista imediato ou mediato que cega e afasta os objectivos estratégicos. Será esta uma irremediável lógica partidária? Ou seja, as críticas centram-se muito mais no governo e nos seus protagonistas do que no sistema e na sua enxurrada. Assim se ajuda a abrir portas ao avanço da direita, do neoliberalismo e dos seus desígnios.
E os desígnios são claros. O programa está definido. Manter o aparelho de Estado na segurança, nas Forças Armadas, na representação internacional e na Justiça. Acabar com o Estado na Saúde, na Educação e na Segurança Social. Este é o Estado não «de direito», mas sim «de direita». Tem o seu modelo nos Estados Unidos. E é o contrário da concepção de Estado que os países escandinavos têm tentado defender. Ou seja, pretendem que os seus impostos sejam reduzidos apenas à sustentação desta malha de segurança, que lhes permite movimentarem-se de forma selvagem contra aqueles cujo trabalho exploram como querem e quando querem. Com os novos líderes do Partido Social Democrata (PSD) e da sua bancada parlamentar está prometida uma marcha triunfal do discurso de facto populista, atrás da qual muitos tambores de esquerda não se importam de ir a aproveitar. Há naturalmente boas excepções e nelas se incluem algumas reflexões e posturas sindicais, que se centram no ataque ao sistema. (...)
Por ISABEL DO CARMO*
* Médica do Hospital de Santa Maria e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
(Continue a ler este artigo nas páginas 1, 2 e 3 da edição de Novembro do Le Monde diplomatique - edição portuguesa.)
quinta-feira 22 de Novembro de 2007

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