terça-feira, 6 de outubro de 2009

Amália - Abandono (Fado de Peniche)




Por teu livre pensamento
Foram-te longe encerrar.
Tão longe que o meu lamento
Não te consegue alcançar.
E apenas ouves o vento
E apenas ouves o mar.

Levaram-te, a meio da noite:
A treva tudo cobria.
Foi de noite, numa noite
De todas a mais sombria.
Foi de noite, foi de noite,
E nunca mais se fez dia.

Ai! Dessa noite o veneno
Persiste em me envenenar.
Oiço apenas o silêncio
Que ficou em teu lugar.
E ao menos ouves o vento
E ao menos ouves o mar

David Mourão Ferreira 
Lembrem-se foi em 1962

3 comentários:

João Varela Gomes disse...

Prazados amigos,
Li e ouvi com immenso prazer o vosso blog posto a 6 de corrente mês de Outubro.

A vossa anotaçõ "Lembrem-se foi em 1962", coloca-me em situacão; pois foi um ano em que fui preso pela PIDE, com a sequência de quatro anos encerrado na Fortaleza de Peniche. E sempre com aluguma emoção que eu escuto a Amália esse Fado.

Voces revelam estar ao corrente de boycotte "Politicamente Correcto", a que tem estado sujeito O Fado de Peniche, nesta democracia a que eu chamo filo-fascista. Agredecendo muito sensiblizado e transmitindo os meus parabéms à vossa equipa.

De
João Varela Gomes, ex-preso de Peniche em 1964-68

cicuta disse...

Fico muito sensibilizado, por o ter como leitor.
Vai-se fazendo o que pode, assim todos o fizessem...

Um abraço

Anónimo disse...

Uma letra destas, num fado de Amália, em 1962... Muito bom, seja qual for o ponto de vista de onde observemos a época...

Grande Mourão-Ferreira e grande Amália!!!

Obrigado pelo momento comovente que me ofereceram...

Obrigado Cicuta e obrigado João Varela Gomes

Rui Dias