segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Camas hospitalares II

Puxo para "post" comentário que apesar de anónimo, mas quem sou eu para criticar, pois anónimos com a qualidade e educação nunca me incomodarão. (um pseudónimo daria mais jeito)

Anónimo:
Continuamos com as camas...bom as gripes são sazonais..não vamos ter camas para algo que acontece uma vez por ano...e não é todos os anos...
Ainda assim é importante uma reserva de camas para situações de catástrofe (mas sinceramente, não considero que a gripe este ano tenha sido uma catástrofe..).
Relativamente ao Hospital de Todos os Santos, deve ser tido em conta que ainda que todos os quartos sejam individuais, todos poderão ser convertidos em duplos (possuindo o espaços e condições para tal) caso seja necessário, ou seja podemos duplicar a oferta de camas do mesmo se tal for necessário (outra vantagem dos quartos individuais, é que tanto podemos acolher homens como mulheres, enquanto nas enfermarias estas tinham de ser organizadas separando os sexos, o que por vezes a nível organizacional implicava problemas de logística não sendo possível ocupar todas as enfermarias (camas), para garantir a separação de homens e mulheres).Outro factor a ter em conta é que actualmente Lisboa recebe muitos doentes dos arredores (infelizmente ainda não tem a oferta adequada), no entanto estão previstos novos hospitais em Loures e Vila Franca de Xira, que vão acolher muitos dos doentes que actualmente estão a vir para Lisboa, garantindo-lhes assim uma maior acessibilidade aos cuidados de saúde, daí que esta também seja uma razão para o menor número de camas (as áreas de influência dos hospitais também são agora diferentes). Se efectivamente queremos que o nosso sistema de saúde melhore, creio que devemos vê-lo de forma integrada, e não apenas numa perspectiva isolada, evitando assim iniquidades nas acessibilidades, mas também que os cuidados sejam prestados de forma eficiente (sim porque apesar de a saúde têm preço, mas tem um custo!).
Relativamente aos problemas do sistema de saúde, é certo que existem (e sempre vão existir), no entanto creio que se virmos as coisas nos últimos 20 anos muita coisa melhorou (bom vejamos que à 30 anos, nem SNS existia!!!existindo apenas as comarcas para os trabalhadores das empresas), bom e se analisarmos dados de saúde nos últimos anos... bom ai claramente melhoramos (à 20 anos éramos dos países com maior mortalidade infantil do mundo.. agora somos dos que tem a menor.. curiosamente esta diminuição este relacionada com o encerramento de algumas maternidades (que por apresentarem condições inadequadas em termos de estrutura e pelo do reduzido número de parto por ano que realizavam alguns destes centros não garantir aos profissionais a prática clínica que necessitam para se manterem actualizados, representavam um maior perigo para a saúde do que uma deslocação para maternidades com maior capacidade de atendimento)... enfim ainda temos muito por melhorar, mas considero que claramente analisando nos últimos 10 a 20 anos muito melhoramos (creio que às vezes a nossa comunicação social na ânsia de ter audiências e ter um poder de manipular massas, às vezes apenas pelo prazer de criticar os outros, às vezes pinta a situação muito pior do que está (às vezes cometendo erros graves), esquecendo muitas das coisas boas que também se estão a fazer).
Relativamente à auto-medicação...não me pronuncio pois não estou bem a par do assunto, ainda assim creio que ainda que seja uma boa comunicação com as pessoas relativamente aos casos em que esta poderá ser adequada (a nível dos media, hospitais, médicos e farmacêuticos..), creio que também é uma questão de bom senso pelas pessoas (mas a comunicação e sensibilização ás pessoas é fundamental..não só idosas, como também às mais jovens que às vezes também não são exemplo).
Bom por fim (e após os comentários de saúde):
(1) não têm que pedir desculpa por não perceber nada de saúde (aliás ninguém sabe de tudo), pois efectivamente algo percebe, tanto pela conversa que temos, ainda assim creio que poderia informar-se um pouco melhor antes de atirar a primeira pedra e começar a criticar (aspecto muito comum a todos nós portugueses) e
(2) apenas me aborrece a atitude portuguesa de criticarmos em excesso (sem nem sequer por vezes tentarmos compreender a situação no seu todo) e de por vezes nesta ânsia de criticar não falar das coisas que boas que se tem feito e o que se fez. (ok talvez tenhamos tido problemas na nossa história que a isso nos levaram, mas se nós não começarmos a acreditar no que fazemos, certamente que mais ninguém acreditará e nos apoiará -temos um caminho ainda longo para percorrer, mas creio que somos nós a base para a mudança).


Apenas digo que num plano teórico até estou de acordo com a maioria das opiniões expressas, mas a sua implementação é que é o problema, e apesar de em muitas áreas ser defensor de revoluções, nesta acho que não se pode fazer revoluções como a diminuição tão grande em tão curto espaço de tempo pois os restantes hospitais ainda estão muito atrasados, isso não será problema se forem fechando os antigos só quando existir alternativa.
O problema principal é a não confiança em governos com uma sensibilidade nula, com uma preocupação de poupar no essencial e gastar no acessório, não falando no proveito próprio e dos amigos, entregar a gestão dos bens públicos a privados que apenas seguem o lucro em vez de tentarem (pelo menos tentarem) por os serviços públicos a funcionar de forma eficiente e sem desperdício.
Já agora falando da minha experiência pessoal, há uns anos (poucos) a minha mãe teve um AVC e levei-a de urgência ao Hospital Amadora Sintra, ficou três dias numa maca no SO (ao lado das urgência) serviço esse onde nunca entrou uma câmara de TV pois é pura e simplesmente um inferno, não se consegue passar no corredor, os doentes estão em condições sub humanas, a minha mãe foi-me deixada nos braços sem se conseguir mexer sem qualquer avaliação, o neurologista nem a sentou muito menos lhe fez qualquer teste, tive que lhe arranjar um lar em 2 horas.No entretanto fui vendo utentes saírem para o Hospital da CUF.

1 comentário:

Anónimo disse...

Cicuta, fico contente que concordemos com alguns pontos(penso que por vezes o principal problema é que muitas das opções tomadas não são bem clarificadas conduzindo por isso a muitas manifestações (algumas incorrectas e outras com alguma razão), ainda assim é normal que não concordemos com tudo e ainda bem que assim o é, pois tem de existir opiniões diferentes para chegarmos a novas ideias.
Voltando ao tema, concordo que todas estas alterações não podem ser feitas de um dia para o outro, alías isso seria um erro completo, não é em um curto espaço de tempo que se transferem doentes de um hospital para o outro, existe todo um perido de transferência não sõ de pessoas, como de equipamentos, assim como de técnicos que se devem adaptar e conheçer melhor o novo hospital para o qual se deslocam. Relativamente ao Todos os Santos, existirá todo este processo de transferência que terá em conta estes aspectos que referi anteriormente (ainda assim provavelmente existirão erros...bom mas este é o primeiro, estou certo que nos próximos processos de transferência para outros hospitais (esperemos que continue a existir pois é sinal que se estão a construir novos hospitais e não apenas a "remendar" os velhos o que a longo prazo é muito mais caro (e aqui caro não apenas no sentido de dinheiro, mas também em custos para o bem estar dos doentes e profissionais do hospital) e muito pior para os doentes e profissionais - basta pensarmos em todo o desconforto originado por obras e suas implicações nas pessoas). Estou extremanente de acordo que a implementação é um dos passos chave neste processo, alías quantos não são os bons projectos que não passam do papel, devido a uma má implementação, quer esta seja provocada por motivos politicos, falta de capacidade de que o implementa ou por um total incapadidade de "abertura" de espirito das populações implicadas nas medidas a implementar (o que é normal no inicio algum receio face à mudança, no entanto creio que é importante aceitar a mudança uma vez que este é um aspecto essencial para a nossa evolução - com isto não quero dizer que todas as mudanças são boas, apenas que muitas boas mudanças se perdem por este factor). Se a implementação é um processo chave, é também um dos mais dificieis... e neste ponto creio que em alguns aspectos se tem falhado, creio que os factores para esta falha são vários, por um lado existem sempre lobbys (isto a nivel da saúde, embora me pareca que em todas as áreas o exista - não estou a dizer que os lobbys sejam necessáriamente maus, penso sim que são uma força da sociedade que sempre vai existir podendo em alguns casos ser util com os seus pontos de vista, mas que deve ser também ser "acompanhada/controlada" evitando abusos) que manipulam a informação a seu favor e a força destes lobbys facilmente controla a informação que chega às massas e este efeito bola de neve facilmente derruba alguns projectos, ok mas a culpa não é só desta parte como é obvio a classe politica falha na clarificação das opções que toma e na sua justificação conduzindo por fezes a opiniões erradas sobre muitas das medidas tomadas. creio que aqui deve haver um maior esforço das duas partes para que a implementação melhore, ainda assim creio que um ponto importante e fundamental (talvez aquele que tem levado a muitas falhas da parte do governo e aquele que a mim me parece que é da suas principais responsabilidade) é o planeamento integrado das medidas a implementar (tendo em conta os objectivos que se pretendem alcançar e a coordenação entre as várias redes de cuidados (primários, hospitalares e continuados) e a capacidade de tomar decisões - estes sim são pontos que falham - existe uma grande incapacidade de tomar decisões (a assumir responsabilidade), adiando o seguimento de medidas e evitando o planemaneto da forma de alcançar os objectivos pretendidos - sei que é uma grande responsabilidade tomar decisões a este nivel e que não é facil, mas se não as tomarmos não vmaos a aldo nenhum! vamos errar por vezes, mas tendo em conta que muitas das decisões são fundamentadas em estudos e análises competentes (a maioria pelo menos...), deve ser tomada uma decisão (a atitude na maioria dos caso é passar para outro sucessivamente evitando a responsabilidade da decisão)! e certamente ficamos melhor do que o que estavamos e se(errarmos (e com erros não em estou a referi a erros graves - uma vez que um estudo bem fundamentado, normalmente já evita erros muito graves, permitindo apenas erros menos graves), bom temos de assumir o risco e corrigilo para o melhorar (e errar é humano e certo, o que devemos é ir na direcção certa e ir acompanhando-a corrigindo os erros em tempo útil).
Relativamente à sua mãe...enfim essa é infelizmente uma realidade que acontece em vários hospitais (públicos e privados), nunca uma urgência vai ser um espaço agradável, no entanto pode ser melhor (quer a nivel de estrutura, como das equipas que nele trabalham), no caso da sua mãe pelo que diz parece-me que houve uma falha das suas, por um lado a estrutura não está organizada/não tem capacidade para colher um grande numero de pessoas ou de separar o circuitos de pessoas evitando as camas espalhadas pelo serviço e por outro a equipa não estava organizada não tendo sido o atendimento efectuado em tempo adequado (bom mas, não estava lá, snedo esta a minha opinião de acordo com o que disse)- muitas vezes o excesso de pessoas nas urgências é provocado por uma incapacidade dos cuidados primários (Centros de Saúde)filtrarem uma grande parte dos casos, sendo que muitos deles não são urgências que podem ser atendidas por um Centor de Saúde(cerca de 30% dos casos - como é obvio variando este valor de hospital para hospital consoante o tipo de urgência), o caso da sua mãe seria obviamente para ser atendido em um hospital, mas caso existisse um correcto reencaminhamento dos casos pouco urgentes a confusão no serviço de urgência seria muito menor e o atendimento da sua mãe também muito mais adequado! alías estamos sempre a falar dos hospitais, sem duvida um ponto importante, mas estamos nos sempre a esqueçer de um ponto muito importante que o primeiro ponto de atendimento ao doente - os cuidados primários, nomeadamente os Centros de Sáude - esse é um ponto que na minha opinião se está a deixar muito de lado sendo um ponto chave e dos que mais tem problemas e os problemas dos centros de saúde provocam problemas enormes nos hospitais dificultando a sua capacidade de resposta, provocando o excesso de afluência nas urgências e o agravamento de situações de doença que com uma resposta mais rápida (que me muitos dos casos pode ser dada logo nos cuidados primários) evitaria problemas mais grave para o doente no futuro! A função dos Cuidados Primários é acompanhar os seus utentes e exercer uma actividade programada evitando situações piores no futuro e isto já resolvia uma grande parte dos actuais problemas de saúde - com isto quero dizer é importante novos hospitais, mas talvez também seja necessário algum enfoque nos centros de saúde (que em termos de custos até são mais baratos, mas trazem um beneficio muito grande à população), é necessário acabar com a imagem de que o Centro de Saúde é um local secundário e normalmente mau, passando a ser tratado como a porta do doente no sistema de saúde e um dos principais pilares nos cuidados de saúde (e com isto não quero dizer apenas novos centros de saúde, mas também uma maior aposta nos médicos de família (muitas vezes vistos com um certo "detrimento" relativamente aos médicos hospitalares) que são insuficientes para a população, e existencia de programas de prevenção (atenção que também estes devem ser bem estudados, uma vez que alguns conduzem a politicas inadequadas) e outras actividade que permitam a promoção da saúde e prevenção dos problemas).
Bom, fico por aqui pois "estico-me" sempre nas minhas respostas. Não me esqueçi relativamente ao seu comentário relativamente a gestão privada dos hospitais (també tenho uma opinião sobre essa questão), bom mas essa e outras questões ficam para uma proxima vez.