«Uma pequena e triste nota, numa Europa tão desenvolvida.Na madrugada da passada sexta-feira, morreu um sem abrigo que, juntamente com um outro companheiro de sorte, se abrigava por trás de uns prédios próximos da minha casa. Não, não foi um qualquer ataque de vândalos ou coisa parecida; foi o seu companheiro que, pela manhã, ao tentar acordá-lo, verificou que estava morto e se apressou a alertar quem pudesse chamar as autoridades. Provavelmente, terá morrido de frio, de má nutrição, de todas as faltas de todas as coisas. Morreu, certamente, do abandono de uma sociedade madrasta que continua a não ter lugar para aqueles que, pelas mais diversas razões, já não podem produzir.
Estes são os episódios que a imprensa não noticia, porque não
têm importância.
Citando Chico Buarque, “a dor da gente não sai no jornal.” »Antonieta
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